Nos últimos meses, paciência para cozinhar é coisa que não tem faltado. Estou mais tempo em casa (trabalho exclusivamente a partir daqui) e isso ajuda.
Porém, estar confinada a um único espaço tem tanto de bom como de mau. Dias há em que são duas da tarde e eu continuo em pijama, a editar imagens e a escrever; estou mais sujeita a ser interrompida (seja por pessoas, seja por ideias/desejos peregrinos de experimentar algo novo); a concentração é menor e o ritmo de trabalho tende a diminuir se não houver disciplina; também passo mais tempo sozinha (se bem que é raro aborrecer-me por causa disso).
Por outro lado, tenho a calma que preciso; consigo fazer uma gestão melhor da agenda de compromissos (e até da meteorologia, elemento basal para a fotografia); consigo alimentar-me bem e apenas com os ingredientes que gosto; faço as pausas que entendo (pode ser só para fazer um chá, ir à tabacaria comprar o jornal ou à mercearia espreitar as flores), passo mais tempo com a Bigas e passeio-a mais vezes do que acontecia mantendo um horário das 9h às 18h.
Mas a maior vantagem de todas elas é a serenidade que posso dedicar à minha gravidez. E esta é a grande novidade: estou grávida de uma menina e já vamos no quinto mês!
É expectável que vejam, a partir de agora, receitas ou dicas para grávidas (as minhas bolachinhas de gengibre e limão para os enjoos foram infalíveis), embora o Sweet Bigas não se vá tornar num blogue de alimentação infantil, nem num manual de puericultura. Seria até pretensioso fazê-lo, eu que tenho tantas dúvidas e nunca tive filhos, pôr-me aqui a aconselhar-vos.
Voltando a esta receita maravilhosa:
O caril (qualquer caril) é um prato que exige carinho para ficar com o paladar ousado, apurado, inatacável. Dediquem-lhe tempo e certifiquem-se de que usam boas especiarias. Fará toda a diferença (faz sempre) no produto final.
INGREDIENTES
1 colher de chá de sementes de coentros
1 colher de chá de pimenta szechuan
4 ou 5 grãos de pimenta preta
1 fio de azeite
1 cebola
1 colher de chá de caril (usei Ras El Hanout)
1 dente de alho picado (sem gérmen)
1 pedacinho de gengibre ralado
1 malagueta fresca ou seca (pequena)
1 vidrado de limão picado (a casca sem a parte branca)
1 lata pequena de tomate pelado (cerca de 400 g)
500 g de abóbora manteiga ou menina, partida em cubos
Sal e pimenta q.b.
800 g de grão-de-bico previamente cozido (ou em lata)
1 molho de coentros picados, para servir
PREPARAÇÃO
- No tacho onde vamos fazer o caril, tostamos levemente as sementes de coentros, pimenta szechuan e grãos de pimenta preta. Este passo vai potenciar o sabor. Transferimos as especiarias para um almofariz, moemos e reservamos.
- Partimos a cebola em meias-luas finas e refogamos num fio de azeite em lume brando (5 a 7 minutos). Quando estiver translúcida, acrescentamos o caril e a mistura de especiarias do almofariz. Mexemos cerca de um minuto para envolver.
- Juntamos agora o alho, o gengibre, a malagueta e a casca do limão. Mexemos bem, mais um ou dois minutos, até se sentir o aroma do alho. Adicionamos a polpa de tomate (primeiro só a polpa, depois o tomate pelado), a abóbora e continuamos a mexer. Temperamos com sal, pimenta e acrescentamos um copo de água. Tapamos e deixamos cozinhar, em lume muito brando, cerca de 30 a 35 minutos, até a abóbora estar bem macia e os sabores perfeitamente apurados.
- Juntamos, por último, o grão-de-bico e envolvemos bem por dois minutos. Provamos e rectificamos temperos se necessário.
- Retiramos do lume e acrescentamos os coentros, picados grosseiramente.
Servimos acompanhado por pão pita ou arroz basmati.
Nota: eu compro todas as especiarias na loja Flor D'Açafrão, em Miguel Bombarda. Além de ter sempre o que preciso, os preços são acessíveis a qualquer bolso e a qualidade é inigualável comparativamente a outros locais.
No Club del Gourmet, do El Corte Inglés, também se encontram bons produtos. A canela da marca oNENA é, aliás, a minha preferida.
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Muitos parabéns Ana. E aproveita bem esta nova etapa :)
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